Uma rua como aquela - Trecho de praia em frente à rua Bolívar afirma vocação para esportes à beira-mar
Uma rua como aquela - Trecho de praia em frente à rua Bolívar afirma vocação para esportes à beira-mar
Uma rua como aquela
Trecho de praia em frente à rua Bolívar afirma vocação para esportes à beira-mar
A orla de Copacabana é o símbolo do Rio de Janeiro para o mundo, e os esportes ao ar livre fazem parte do imaginário carioca em todos os cantos do planeta. O futevôlei e o frescobol – esportes criados no Rio, com a cara da cidade – são jogados por milhões de pessoas à beira d’água – nascidas ou adotadas pela cidade –, do Leme ao Pontal. O que os cariocas não sabem é que esses esportes foram criados em frente à rua Bolívar, em Copacabana. A rua, com o nome do revolucionário venezuelano, mostra que esporte de praia é com ela mesma.
O frescobol foi criado na década de 40, seguindo o “jeitinho carioca” que adapta todas as condições às possibilidades existentes. Seus criadores, Lian Pontes de Carvalho e Caio Rubens Romero Lira, moradores de Copacabana, costumavam jogar tênis com os amigos na beira da praia. Com o tempo, perceberam que as raquetes se deterioravam com a maresia e tiveram a idéia de mandar fabricar raquetes de madeira. A bola foi adaptada em seguida e estava criado o frescobol, modalidade que se tornou competitiva na década de 80. Hoje, diversos instrutores, como Ivaldo Souza, ensinam o esporte nas quadras em frente à Bolívar: “Muita gente gosta do frescobol. É um esporte democrático, em que não há vencedores e derrotados. Como você joga com o seu parceiro contra outra dupla, o cara tem que ser seu amigo. Por isso tem muito casal que treina comigo, ou mãe e filha, irmã e irmão.”, conta ele.
Já o futevôlei, também criado em frente à Bolívar, data de vinte anos depois do surgimento do frescobol. Com a proibição de se jogar futebol e linha de passe nas areias, um grupo de atletas liderado pelo jogador Tatá, do Botafogo, resolveu improvisar e jogar dentro da área reservada ao vôlei, onde era permitida a prática de esportes. Atualmente, como conta Ayrton Brandão, integrante do grupo que inventou o esporte, “já existem até federações e confederações de futevôlei nos EUA e Europa, mas nós fomos os responsáveis pelo desenvolvimento e estruturação do esporte por aqui”.
O altinho, ou altinha, como chamado pelos jovens, acabou sendo uma conseqüência do surgimento do futevôlei. A modalidade, que ainda não pode ser considerada um esporte, vem da linha de passe jogada por aqueles atletas pioneiros. A visão de inúmeras bolas de futebol pipocando sobre rodas de altinho na beira d’água ao longo da orla carioca é parte do simbolismo que envolve o Rio de Janeiro. Atualmente, a prática do altinho, bem como a do futevôlei e do frescobol, só é permitida nas áreas delimitadas pela prefeitura, próximo ao calçadão.
Coordenada 1: Burlando as regras
O choque de ordem implantado pelo atual prefeito Eduardo Paes regulamenta o funcionamento das praias do Rio de Janeiro, dentre outros espaços da cidade, e vem causando bastante polêmica. Ao impor sansões e regras a ambulantes e frequentadores da praia, o prefeito conseguiu tornar o Rio um pouco mais “civilizado”. No entanto, há cariocas “das antigas” que criticam as novas leis: “O Rio de Janeiro sempre funcionou desse jeito que a gente é, sempre teve gente jogando na praia, sempre teve cachorro, vendedor de coco, e ninguém nunca morreu, as pessoas organicamente achavam o seu lugar dentro do espaço público que é a praia. Até parece que uma lei ou outra vai resolver. Essa maneira descoordenada é a maneira do carioca existir e pronto!”, argumenta Renata Fazzio, praticante de altinho em Copacabana, que tenta burlar a lei e sempre que não há fiscalização joga na beira do mar.
A favor ou contra, não se pode negar que o choque de ordem tem causado benefícios à cidade. Ainda assim, independente de repressão, a essência do carioca não se perderá nunca, como bem prova a história e a vocação libertária da Rua Bolívar.
Ping Pong – Entrevista com Fátima Oliveira, que treina frescobol nas redes em frente à rua Bolívar
PC: Como você começou a jogar frescobol?
FO: Sempre frequentei a praia como banhista, e via todo mundo jogando um monte de esportes divertidos. Mas como nunca tive vocação pra atleta, achava que nunca ia poder participar. Até o dia que uma amiga me convidou pra jogar frescobol. Foi incrível. Como eu sou péssima de pé, mas sou boa de mão, foi o esporte ideal pra eu praticar.
PC: Você costuma jogar com quem?
FO: Jogava muito com meu marido, mas depois me separei e agora consegui convencer minha filha a jogar. Como eu sou boa de jogo, mas não sou boa de ensinar, descobrimos essa área aqui na Bolívar, e a gente pode treinar com os instrutores.
PC: Como funciona o treino de frescobol?
FO: A gente joga muito livre, mas também aprende a bater na bola com a força certa, na direção certa, a se movimentar de modo a defender melhor as bolas. É muito divertido e acaba virando uma atividade física, porque o treino é puxado, e ainda debaixo de sol, né? O bom é que dá pra dar um mergulho no final.
PC: Você acha que o carioca tem o espírito certo para os esportes à beira-mar?
FO: Com certeza! Com essa vista linda que a gente tem, com esse clima ótimo, poder praticar esporte na praia é uma benção. Eu não gosto de academia, de ficar enfurnada numa sala. Não existe nada melhor do que poder praticar um esporte superlegal, que não estimula a competitividade tão alucinante nos dias de hoje, na beira do mar. Isso é um privilégio que só carioca pode ter.
FONTES:
http://www.futevolei.com.br/
http://www.copacabana.com/r-boliva.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Frescobol
Entrevistas com Ayrton Brandão, fundador do futevôlei
Entrevista com Ivaldo Souza, instrutor de frescobol
Entrevista com Fátima Oliveira, jogadora de frescobol
Entrevista com Renata Fazzio, jogadora de altinho
Maíra Fernandes de Melo
Trecho de praia em frente à rua Bolívar afirma vocação para esportes à beira-mar
A orla de Copacabana é o símbolo do Rio de Janeiro para o mundo, e os esportes ao ar livre fazem parte do imaginário carioca em todos os cantos do planeta. O futevôlei e o frescobol – esportes criados no Rio, com a cara da cidade – são jogados por milhões de pessoas à beira d’água – nascidas ou adotadas pela cidade –, do Leme ao Pontal. O que os cariocas não sabem é que esses esportes foram criados em frente à rua Bolívar, em Copacabana. A rua, com o nome do revolucionário venezuelano, mostra que esporte de praia é com ela mesma.
O frescobol foi criado na década de 40, seguindo o “jeitinho carioca” que adapta todas as condições às possibilidades existentes. Seus criadores, Lian Pontes de Carvalho e Caio Rubens Romero Lira, moradores de Copacabana, costumavam jogar tênis com os amigos na beira da praia. Com o tempo, perceberam que as raquetes se deterioravam com a maresia e tiveram a idéia de mandar fabricar raquetes de madeira. A bola foi adaptada em seguida e estava criado o frescobol, modalidade que se tornou competitiva na década de 80. Hoje, diversos instrutores, como Ivaldo Souza, ensinam o esporte nas quadras em frente à Bolívar: “Muita gente gosta do frescobol. É um esporte democrático, em que não há vencedores e derrotados. Como você joga com o seu parceiro contra outra dupla, o cara tem que ser seu amigo. Por isso tem muito casal que treina comigo, ou mãe e filha, irmã e irmão.”, conta ele.
Já o futevôlei, também criado em frente à Bolívar, data de vinte anos depois do surgimento do frescobol. Com a proibição de se jogar futebol e linha de passe nas areias, um grupo de atletas liderado pelo jogador Tatá, do Botafogo, resolveu improvisar e jogar dentro da área reservada ao vôlei, onde era permitida a prática de esportes. Atualmente, como conta Ayrton Brandão, integrante do grupo que inventou o esporte, “já existem até federações e confederações de futevôlei nos EUA e Europa, mas nós fomos os responsáveis pelo desenvolvimento e estruturação do esporte por aqui”.
O altinho, ou altinha, como chamado pelos jovens, acabou sendo uma conseqüência do surgimento do futevôlei. A modalidade, que ainda não pode ser considerada um esporte, vem da linha de passe jogada por aqueles atletas pioneiros. A visão de inúmeras bolas de futebol pipocando sobre rodas de altinho na beira d’água ao longo da orla carioca é parte do simbolismo que envolve o Rio de Janeiro. Atualmente, a prática do altinho, bem como a do futevôlei e do frescobol, só é permitida nas áreas delimitadas pela prefeitura, próximo ao calçadão.
Coordenada 1: Burlando as regras
O choque de ordem implantado pelo atual prefeito Eduardo Paes regulamenta o funcionamento das praias do Rio de Janeiro, dentre outros espaços da cidade, e vem causando bastante polêmica. Ao impor sansões e regras a ambulantes e frequentadores da praia, o prefeito conseguiu tornar o Rio um pouco mais “civilizado”. No entanto, há cariocas “das antigas” que criticam as novas leis: “O Rio de Janeiro sempre funcionou desse jeito que a gente é, sempre teve gente jogando na praia, sempre teve cachorro, vendedor de coco, e ninguém nunca morreu, as pessoas organicamente achavam o seu lugar dentro do espaço público que é a praia. Até parece que uma lei ou outra vai resolver. Essa maneira descoordenada é a maneira do carioca existir e pronto!”, argumenta Renata Fazzio, praticante de altinho em Copacabana, que tenta burlar a lei e sempre que não há fiscalização joga na beira do mar.
A favor ou contra, não se pode negar que o choque de ordem tem causado benefícios à cidade. Ainda assim, independente de repressão, a essência do carioca não se perderá nunca, como bem prova a história e a vocação libertária da Rua Bolívar.
Ping Pong – Entrevista com Fátima Oliveira, que treina frescobol nas redes em frente à rua Bolívar
PC: Como você começou a jogar frescobol?
FO: Sempre frequentei a praia como banhista, e via todo mundo jogando um monte de esportes divertidos. Mas como nunca tive vocação pra atleta, achava que nunca ia poder participar. Até o dia que uma amiga me convidou pra jogar frescobol. Foi incrível. Como eu sou péssima de pé, mas sou boa de mão, foi o esporte ideal pra eu praticar.
PC: Você costuma jogar com quem?
FO: Jogava muito com meu marido, mas depois me separei e agora consegui convencer minha filha a jogar. Como eu sou boa de jogo, mas não sou boa de ensinar, descobrimos essa área aqui na Bolívar, e a gente pode treinar com os instrutores.
PC: Como funciona o treino de frescobol?
FO: A gente joga muito livre, mas também aprende a bater na bola com a força certa, na direção certa, a se movimentar de modo a defender melhor as bolas. É muito divertido e acaba virando uma atividade física, porque o treino é puxado, e ainda debaixo de sol, né? O bom é que dá pra dar um mergulho no final.
PC: Você acha que o carioca tem o espírito certo para os esportes à beira-mar?
FO: Com certeza! Com essa vista linda que a gente tem, com esse clima ótimo, poder praticar esporte na praia é uma benção. Eu não gosto de academia, de ficar enfurnada numa sala. Não existe nada melhor do que poder praticar um esporte superlegal, que não estimula a competitividade tão alucinante nos dias de hoje, na beira do mar. Isso é um privilégio que só carioca pode ter.
FONTES:
http://www.futevolei.com.br/
http://www.copacabana.com/r-boliva.shtml
http://pt.wikipedia.org/wiki/Frescobol
Entrevistas com Ayrton Brandão, fundador do futevôlei
Entrevista com Ivaldo Souza, instrutor de frescobol
Entrevista com Fátima Oliveira, jogadora de frescobol
Entrevista com Renata Fazzio, jogadora de altinho
Maíra Fernandes de Melo
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Data de inscrição : 22/03/2010
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